quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Verdadeiro V



Olá! Ter uma tatuagem da máscara do V hoje em dia parece endossar o que o Anonymous faz. Bem... até que nutro uma certa simpatia com a "política" caótica deles, não é a toa que escolharam como logo a máscara do V... um personagem extremamente caótico. Porém o que mais me irrita é associarem a tattoo com o anonymous diretamente... como se a obra do Alan Moore não existisse.

Desconsiderando o filme que não é de todo mal... deixo uma passagem da Graphic Novel que muito me marcou quando guri. Abraços... (quem sabe semana que vem eu posto algo de verdade).


"Boa noite Londres! Acho que é hora de conversarmos! Estão todos confortáveis? Então vou começar... Imagino que você esteja se perguntando por que eu o chamei esta noite. Sabe, não estou inteiramente satisfeito com seu desempenho nos últimos tempos! Seu trabalho tem decaído muito e... claro... sei que está na companhia há muito tempo! Quase... deixa-me ver... quase dez mil anos! Deus do céu! O tempo voa, não?

Eu me lembro do dia em que você começou no emprego, balançando nas árvores, ainda jovem e muito nervoso, com um osso na mão peluda... você me perguntou melancólico “por onde começo, senhor?” Ainda recordo minhas palavras exatas: “ está vendo aquela pilha de ovos de dinossauros?”, indaguei paternalmente! “pode chupar!”

Já se passou muito tempo desde então, não é verdade? E, claro, claro... tem toda razão! Até hoje, você não faltou um dia! Meus parabéns, ó bom e fiel servo!

Por favor, não pense que me esqueci da sua admirável folha de serviços, ou das valiosas contribuições que prestou à companhia! O fogo, a roda, a agricultura... uma lista respeitável, meu velho. Realmente muito respeitável! Não me entenda mal.

Mas, bem, para ser franco, andamos tendo problemas. Não se pode fechar os olhos para isso. E sabe de onde eu acho que a maioria deles se origina? Da sua indisposição natural para subir dentro da companhia. Você não quer encarar responsabilidades verdadeiras, nem ser seu próprio chefe. Só Deus sabe quantas oportunidades já teve.

Várias vezes, nós lhe oferecemos promoção, e você sempre recusou! “Eu não dei conta, não, chefia”, você choramingava! “Eu conheço meu lugar.” Para ser franco você nem mesmo tentou! Sabe... como não progride há muito tempo, isso já começa a afetar seu rendimento... e, devo acrescentar, seu padrão de comportamento também. Os constantes desentendimentos na fabrica não escaparam à minha atenção. Nem os surtos de desordem na cantina dos funcionários! Além disso, posso citar... hummm... bem, eu não queria trazer isso à baila, mas... sabe, andei ouvindo coisas desagradáveis sobre sua vida pessoal.

Não! Nada de nomes! Não interessa quem me contou! Estou sabendo que você não consegue mais se entender com a sua esposa. Me disseram que os dois brigam muito, que você grita... falaram até de violência. Fui informado de que você magoa sempre aquele que ama... aquele que jamais deveria magoar.

E seus filhos? São sempre as crianças que sofrem, como você bem sabe. Pobrezinhos! O que fizeram para merecer isso? O que fizeram para merecer sua truculência, seu desespero, sua covardia e todas as intolerâncias que você tanto estima?

Situação nada boa, não é mesmo? E não adianta culpar a gerencia pela queda de qualidade nos padrões de trabalho... embora eu saiba que ela deixa muito a desejar. Na verdade, sem papas na língua... a gerencia é deplorável! Tivemos uma sucessão de larápios, mentirosos e lunáticos tomando um sem-número de decisões catastróficas! Isso é inegável.

Mas quem os elegeu? Você! Você indicou essas pessoas! Você deu a elas o poder para tomar decisões em seu lugar. Eu admito que qualquer um esteja sujeito a se equivocar, mas cometer os mesmos erros fatais, século após século, parece uma atitude deliberada. Você encorajou esses incompetentes maldosos, que transformaram sua vida profissional numa lástima. Aceitou ordens insensatas sem questionar. Sempre permitiu que enchessem seu ambiente de trabalho com máquinas perigosas e mal testadas. Você podia ter detido essa gente. Bastava dizer “não!”. Você não teve peito ou vergonha na cara. Perdeu o valor que tinha na companhia.

No entanto, eu serei generoso. Você terá dois anos para aprimorar seu trabalho. Se, ao fim desse período, não apresentar resultado satisfatórios... será cortado.

Isso é tudo, pode voltar ao trabalho!"

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

E se você pudesse ler meus pensamentos?

 

Nunca escrevi ou postei a música que dá nome ao meu blog. Não sei como isso nunca me ocorreu... mas hoje venho aqui para reparar este crime. Até gostaria de falar de forma mais subjetiva da música, no entanto esta prática iria ferir meu entendimento primordial para que serve uma música... ou seja... para sermos co-autores. Então deixo para vocês pensarem o que quiserem dela em suas vidas. Detalhe para o LOL... Cash sempre tinha problemas com eles.

 Abraços.

Foto: American V - A Hundred Highways do Johnny Cash (versão que mais gosto)

If You Could Read My Mind (Gordon Lightfoot)

If you could read my mind, love,
What a tale my thoughts could tell.
Just like an old time movie,
'Bout a ghost from a wishing well.
In a castle dark or a fortress strong,
With chains upon my feet.
You know that ghost is me.
And I will never be set free
As long as I'm a ghost that you can't see.

If I could read your mind, love,
What a tale your thoughts could tell.
Just like a paperback novel,
The kind the drugstores sell.
When you reached the part where the heartaches come,
The hero would be me.
But heroes often fail,
And you won't read that book again
Because the ending's just too hard to take!

I'd walk away like a movie star
Who gets burned in a three way script.
Enter number two:
A movie queen to play the scene
Of bringing all the good things out in me.
But for now, love, let's be real;
I never thought I could act this way
And I've got to say that I just don't get it.
I don't know where we went wrong,
But the feeling's gone
And I just can't get it back.

If you could read my mind, love,
What a tale my thoughts could tell.
Just like an old time movie,
'Bout a ghost from a wishing well.
In a castle dark or a fortress strong.
With chains upon my feet.
But stories always end,
And if you read between the lines,
You'll know that I'm just tryin' to understand
The feelin's that you lack.
I never thought I could feel this way
And I've got to say that I just don't get it.
I don't know where we went wrong,
But the feelin's gone
And I just can't get it back!

Original de Gordon Lightfoot

Versão de Johnny Cash

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quem, realmente, é você?

Há muito tempo eu queria voltar a postar no blog... e finalmente hoje tive tempo (e disposição) para isso. Durante as férias pude ler com mais calma a série The Walking Dead (enquanto esperava para a continuação do seriado na FOX) e algumas passagens me remeteram a uma pergunta. Quem realmente nós somos?

Eu sempre me defini, e os outros, pelos gostos... o que é uma característica totalmente cultural. Mas num mundo onde a cultura midiática não existe (como no caso de um apocalipse) você é definido como? Pelo estilo de música que escuta? Roupas que veste? O que gosta de comer? O que gosta de ler? Obviamente que não...

Então o que nos define é o que pensamos/desejamos? Isso parece plausível pra mim. Mas alguém é sempre 100% honesto com todos o tempo todo? Claro que não... já dizia George Carlin que "se a honestidade fosse introduzida no convívio humano o sistema entraria em colapso". Bem... embora não sejamos 100% honestos nos conhecemos ao ponto de saber quem somos. 

Graças aos seriados/jogos/filmes (e noticiários sensacionalistas) sobre o "fim do mundo" é notório quão bestial é o ser humano. Totalmente dependente das circinstâncias. Já dizia o Coringa que "as pessoas são tão civilizadas quanto o mundo permite que elas sejam"... e convenhamos... quando as coisas apertam o ser humano é um ser capaz de qualquer coisa (literalmente). Então fiquei pensando no passar das férias que a natureza humana é, me perdoe Lenin, má.

Mas só pensar ou desejar coisas "ruins" (aqui não cabe julgar a moralidade dos atos) me faz ser alguém ruim? Creio que não. A trava social vs instinto... a constante briga do ID contra o Superego... se desenrola em cada um de forma diferente e a sociade, cada uma na sua época, vai julgar a moralidade dos atos do indivíduo.

Então... quando alguém me pergunta "quem é você?" Respondo... "depende de onde e quando."